H pylori: como combater e tratar essa bactéria no estômago?
Se você já teve algum tipo de infecção estomacal, a causa pode ser justamente a bactéria Helicobacter pylori, mais conhecida como H. pylori. Presente em cerca da metade da população mundial, nem sempre gera sintomas e, por isso, pode esconder desequilíbrios no trato gastrointestinal. ¹
A infecção por H. pylori é um dos motivos mais frequentes de gastrite e úlcera péptica, doenças que aumentam com o avanço da idade. Estima-se que 50% dos moradores dos Estados Unidos, por exemplo, se contaminam com essa bactéria até os 60 anos. Porém, não quer dizer que pessoas mais jovens não possam contraí-la. ²
Aproveite este guia para tirar suas dúvidas sobre o que é H. pylori, suas causas, seus sintomas, como tratar e o que comer para ajudar a eliminar esse patógeno indesejado do organismo. Acompanhe!
- H. pylori é uma bactéria em espiral que pode afetar o estômago e o duodeno (parte inicial do intestino delgado) e causar gastrite e úlceras. A infecção ocorre principalmente por meio de alimentos e água contaminados e contato com fezes ou saliva de pessoas infectadas. ¹,²
- Os principais sintomas incluem dor abdominal, indigestão, náuseas e, em casos graves, úlceras e câncer gástrico. Nem todos infectados desenvolvem sintomas. ²,³
- O diagnóstico acontece por meio de exames de sangue, fezes, respiração ou endoscopia, e o tratamento geralmente envolve dois antibióticos e inibidores de ácido gástrico. ³,⁴
- Os probióticos podem auxiliar o tratamento de H. pylori ao ajudar a reduzir os efeitos colaterais dos antibióticos, fortalecer a resposta imunológica e potencializar a barreira protetora estomacal. ⁵
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Neste artigo você vai ler:
- O que é H. pylori?
- O que causa H. pylori?
- Quais os sintomas de H. pylori?
- Como saber se tenho H. pylori?
- Quem tem H pylori pode comer o quê?
- Como tratar H. pylori?
- Quais os medicamentos indicados para H. pylori?
- Vale a pena tomar probiótico para o estômago?
- Onde encontrar os probióticos?
O que é H. pylori?
H. pylori ou Helicobacter pylori é uma bactéria em forma de espiral com a capacidade de infectar as mucosas do estômago e desencadear determinadas doenças, como gastrite e úlcera. Porém, nem todas as pessoas que têm o microrganismo desenvolvem problemas de saúde. ¹,²
O que causa H. pylori?
As principais causas da infecção pela bactéria H. pylori são alimentos e água contaminados e contato com fezes e saliva de indivíduos infectados. ²
Logo, a transmissão pode acontecer de pessoa para pessoa, principalmente se não lavar a mão adequadamente após evacuar ou trocar fluidos salivares por meio do beijo, por exemplo. ²
De todo modo, as infecções tendem a se concentrar em espaços fechados, como asilos, e em famílias que moram na mesma casa. ²
Essa bactéria se desenvolve na camada que protege o revestimento gástrico, local com menos exposição aos sucos ácidos que o estômago produz. Além disso, cabe destacar que a H. pylori ganha vida útil por também produzir amônia, substância que a defende contra os ácidos gástricos e permite romper e entrar na mucosa estomacal. ²
Porém, a ação desse microrganismo não para apenas no estômago e atinge ainda a parte inicial do intestino delgado. Essa situação pode gerar gastrite (inflamação crônica das paredes estomacais) e duodenite (inflamação do duodeno). ³
Como consequência, essas partes do corpo se expõem mais aos ácidos gástricos e, consequentemente, aos danos associados à infecção. ³
Fatores de riscos para infecção por H. pylori
Diversas condições tornam crianças e adultos mais vulneráveis à contaminação pela Helicobacter pylori, como: ⁴
- presença e/ou moradia em locais sem saneamento básico adequado;
- má lavagem dos alimentos;
- morar em uma casa com muitas pessoas;
- falta de acesso à água limpa e tratada;
- contato e/ou convivência com pessoas infectadas.
Sendo assim, especialistas destacam que a população de países em desenvolvimento tem mais probabilidade de transmitir e se contaminar com essa e outros tipos de bactérias. ⁴
Continue aprendendo: Intestino inflamado: como diminuir os sintomas de inflamação?
Quais os sintomas de H. pylori?
Como dissemos, nem todas as pessoas desenvolvem sintomas quando estão com essa bactéria. Porém, em casos sintomáticos, as manifestações se associam à presença de gastrite, úlceras gástricas ou duodenais e câncer estomacal (quadro mais raro). ¹,²
Portanto, o paciente que tiver gastrite ou úlceras, desenvolverá sintomas, como dor ou desconforto na parte superior do abdômen e indigestão. ²,³
De modo geral, os sintomas de H. pylori mais comuns são: ³
- dor e/ou desconforto na parte superior da barriga, geralmente;
- inchaço abdominal;
- falta de apetite;
- náuseas;
- vômitos;
- fezes mais escuras ou pretas;
- fadiga.
Além disso, a pessoa pode se sentir satisfeita mesmo ao ingerir uma pequena porção de comida. ³
Nesse contexto, cabe destacar que a causa da úlcera nem sempre é a Helicobacter pylori. Pode ser o consumo excessivo e/ou prolongado de certos medicamentos anti-inflamatórios, como ibuprofeno, ácido acetilsalicílico e naproxeno. ³
Como saber se tenho H. pylori?
Caso você tenha dúvidas sobre “como saber se tenho H. pylori”, adiantamos que o exame para dar o correto diagnóstico acontece apenas se apresentar alguns dos sintomas dessa bactéria no estômago. ¹
Nos Estados Unidos e em outros países, por exemplo, a recomendação é que pessoas que tomam anti-inflamatórios por longo prazo devem fazer o teste de Helicobacter pylori. ³
Cabe destacar que a presença desse microrganismo não desenvolve necessariamente doenças gastrointestinais, fato que especialistas ainda não têm clareza do porquê. ¹
Porém, de todo modo, existem variados exames para diagnosticar a presença da bactéria. Conheça os mais comuns e que os médicos mais utilizam.
Teste de respiração de ureia
Os testes de respiração de ureia funcionam da seguinte forma: o paciente bebe uma solução que contém uma substância que a bactéria a quebra. Assim, a respiração pode detectar os elementos da decomposição do componente. ³
Exame de fezes
Também chamado de teste de antígeno fecal, esse exame é não invasivo e revela se há a presença de proteínas de H. pylori. Afinal, são um dos principais meios de transmissão desse microrganismo. ³,⁴
Caso tenha antígenos nas fezes, é sinal de que o corpo produziu anticorpos para tentar eliminar a bactéria. ⁴
Além do exame comum, existe o teste PCR de fezes que, por ser mais caro, nem todos os laboratórios ou centros médicos oferecem essa opção. Esse teste se baseia na análise não só da H. pylori, mas também de microrganismos mutantes que podem resistir à ação de antibióticos. ⁴
Exame de sangue
Já o exame de sangue serve para identificar anticorpos específicos que o sistema imunológico produz para combater a bactéria. ³
Endoscopia
A endoscopia digestiva é uma das opções para confirmar o diagnóstico da H. pylori. Porém, por ser um exame invasivo e que precisa de sedação, os médicos pedem apenas se o paciente tiver sintomas de gastrite ou úlcera péptica. ⁴
O endoscópio, tubo longo e flexível que desce pela garganta, permite visualizar o estômago e a parte alta do intestino delgado (duodeno). ⁴
Esse exame serve também para coletar uma amostra do revestimento gástrico (biópsia) e definir o melhor tratamento, caso os antibióticos não eliminem a infecção inicialmente. ²,⁴
Leia também:
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Quem tem H pylori pode comer o quê?
A dieta é muito importante para auxiliar o tratamento para combater a infecção no estômago. Alimentos e bebidas ajudam a reduzir a colonização de bactérias e os sintomas associados, como dor abdominal. ⁵
Por isso, separamos uma lista prática para você escolher os alimentos certos para colaborar com a recuperação do trato gastrointestinal. ⁵
Vegetais
Todos os tipos de vegetais são ótimos para fortalecer o corpo e combater infecções. Afinal, são ricos em antioxidantes e anti-inflamatórios naturais e são fáceis de digerir. ⁵
Dentre muitas opções, destacamos vegetais com alta concentração de sulforafano, poderoso antioxidante que reforça o sistema imune contra a Helicobacter pylori, como: ⁵
- brócolis;
- couve-flor;
- couve;
- acelga-chinesa;
- couve-de-bruxelas.
Frutas vermelhas (berries)
As frutas vermelhas contribuem para evitar a multiplicação de microrganismos e controlar a ação da bactéria no organismo. Alguns exemplos são amora, framboesa, morango e mirtilo. ⁵
Chás
Várias bebidas, inclusive os chás, podem ser vilões do tratamento de H. pylori. Isso porque podem irritar e afetar o funcionamento do estômago e intestino, principalmente se você estiver com gastrite ou úlcera. ⁵
Porém, existem algumas alternativas válidas para auxiliar a recuperação, como chá-verde, hortelã-pimenta e gengibre. ⁵
Mel
O mel tem propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias e, por isso, é um alimento bastante requisitado em diversos distúrbios e doenças. Há anos, as pessoas o usavam para cicatrizar feridas, por exemplo. ⁵
No caso da H. pylori, que gera doenças gastrointestinais, o mel ajuda a inibir a ação da bactéria e reduzir o risco de infecção. Você pode consumi-lo de forma direta ou adicioná-lo a outras comidas, como saladas, chás e iogurte natural. ⁵
Proteínas magras
As proteínas magras, como peito de frango e peixes-brancos, são muito mais fáceis de digerir do que carnes vermelhas, por exemplo. Logo, causam menos impacto no estômago. ⁵
Gorduras “do bem”
Alguns estudos apontam que determinados tipos de gorduras colaboraram para impedir o crescimento das bactérias no organismo, como ômega-3, ômega-6 ou monoinsaturadas. Os alimentos que contém as chamadas gorduras boas são, por exemplo: ⁵
- azeite;
- óleo de peixe;
- óleo de groselha negra.
Temperos e ervas
Pesquisadores indicam ervas que têm a capacidade de eliminar a H. pylori e você pode consumi-las por meio de temperos, como açafrão, cominho, gengibre, pimenta e salsa fresca. ⁵
Probióticos
Os probióticos têm a função de reforçar a presença de bactérias boas no trato gastrointestinal. Além disso, contribuem para evitar os danos associados ao consumo de antibióticos que afetam a flora bacteriana do intestino e podem desencadear sintomas desagradáveis, como inchaço, diarreia e excesso de gases. ⁵
É possível encontrar probióticos já prontos para consumo ou, então, investir em alimentos que contém esses microrganismos, como iogurte natural, queijo cottage, kefir e kombucha. ⁵
Lembramos que a alimentação diária é um complemento ao tratamento principal para combater qualquer tipo de bactéria, pois não as “matam”, apenas ajudam a evitar sua proliferação e a recuperar os danos no estômago e intestino. ⁵
Saiba mais: Prebióticos e probióticos: veja os benefícios para o intestino
E o que não pode comer?
Agora que você já sabe o que pode comer quem tem H. pylori, precisamos ressaltar os itens que precisam ficar de fora do seu cardápio durante o tratamento. ⁵
Além de alimentos gordurosos ou fritos, fuja de líquidos que irritam a mucosa estomacal, como: ⁵
- bebidas com cafeína;
- bebidas alcoólicas;
- bebidas gaseificadas;
- leite de vaca, caso tenha intolerância ou alergia à lactose.
Como tratar H. pylori?
O tratamento mais comum para eliminar a H. pylori do estômago é o uso de dois antibióticos durante 7 a 14 dias. Isso porque ajudam a reduzir o risco de falha do tratamento e a resistência da bactéria aos remédios. ¹,³
Quando bem-sucedido, o tratamento ajuda a cicatrizar a úlcera, além de evitar que a doença retorne ou evolua para quadros de complicações, como sangramento estomacal. ³
Outro aspecto relevante é que o médico prescreve também outros medicamentos, além dos antibióticos, como os inibidores da bomba de prótons, que visam reduzir a produção excessiva de ácido no estômago e recuperar os danos da infecção nos tecidos. ³
Para confirmar a eliminação do microrganismo do corpo, você precisa realizar outro exame para verificar se a infecção foi realmente embora. Isso porque até 20% dos pacientes com essa doença não são totalmente curados no primeiro ciclo de tratamento. ³
E, assim, precisam iniciar outros procedimentos com antibióticos diferentes e subsalicilato de bismuto (antiácido). ³
Quais os medicamentos indicados para H. pylori?
Os medicamentos indicados para H. pylori são antibióticos, como amoxicilina, claritromicina, metronidazol e tetraciclina; e inibidores da bomba de prótons, como lansoprazol, omeprazol, pantoprazol, rabeprazol, dexlansoprazol e esomeprazol. ³
Até 50% dos pacientes manifestam efeitos colaterais aos remédios, que geralmente são leves e podem incluir diarreia, náusea, constipação, cólicas estomacais e dor de cabeça. ³
Veja alguns exemplos de efeitos colaterais associados aos medicamentos mais comuns para tratar essa infecção no estômago: ³
- os antibióticos metronidazol ou claritromicina podem gerar um gosto metálico na boca e enjoo;
- a combinação do metronidazol com bebidas alcoólicas pode causar vermelhidão na pele, dor de cabeça, enjoo, vômito, suor excessivo e aumento da frequência cardíaca;
- o bismuto, presente especialmente no segundo ciclo de tratamento, deixa as fezes pretas e pode desencadear prisão de ventre;
- variados medicamentos podem ocasionar diarreia e cólicas no estômago.
Os exames mais comuns para confirmar a erradicação da bactéria são os testes de respiração, de fezes ou endoscopia, feitos quatro semanas após o término do tratamento. ²
Vale a pena tomar probiótico para o estômago?
Os probióticos são uma alternativa para prevenir ou reduzir a colonização de H. pylori e devem se associar ao tratamento principal. ⁶
Porém, afinal, o que são os probióticos? São microrganismos vivos que colaboram para equilibrar a flora intestinal ao criar uma espécie de barreira no intestino para prevenir a proliferação de bactérias ruins que causam doenças. ⁶
No contexto da infecção por H. pylori, diversos estudos mostraram melhora da gastrite após os pacientes consumirem probióticos. E, quando associados a antibióticos, potencializam a ação de erradicação da bactéria. ⁶
Além disso, os pesquisadores comprovaram a diminuição dos efeitos colaterais associados aos medicamentos para tratar as bactérias no estômago. ⁶
De forma geral, esses microrganismos do bem colaboram para reduzir diversas doenças gastrointestinais, como diarreia infecciosa aguda.⁶
Como os probióticos ajudam o tratamento de H. pylori?
Na prática, existem diversos mecanismos para as bactérias probióticas contribuírem para reduzir a multiplicação de H. pylori e os danos mais intensos no estômago e intestino. ⁶
Conheça os principais a seguir.
Mecanismos não imunológicos
O próprio corpo tem barreiras não imunológicas para impedir a adesão e a proliferação de bactérias patogênicas que causam doenças. A primeira linha de defesa, nesse caso, envolve a acidez do estômago e a mucosa gástrica. ⁶
E os probióticos ajudam a fortalecer essa barreira ao produzir substâncias antimicrobianas, que competem com a H. pylori por receptores de adesão. Assim, estimulam a síntese de mucina, proteína que protege as mucosas e impede que a bactéria se prenda aos receptores nas células superficiais. ⁶
Competição por adesão
A H. pylori interage com as células epiteliais da mucosa gástrica por meio de componentes secretores. E a ação de diversos tipos de probióticos colabora para inibir a ligação da bactéria com determinadas células gastrointestinais. ⁶
Esse processo envolve mecanismos diversos, como a secreção de substâncias antimicrobianas que impedem a ligação da bactéria à mucosa ou pela competição com os locais de adesão. ⁶
Mecanismos imunológicos
A resposta imune do corpo à infecção estomacal por H. pylori libera substâncias mediadoras inflamatórias, como citocinas e quimiocinas, que elevam a inflamação no organismo.
Porém, essa resposta imune não tem capacidade de eliminar a infecção e, assim, mantém a inflamação no corpo para tentar combater o patógeno. ⁶
E é aí que entra a ajuda dos probióticos!
Os microrganismos vivos podem alterar a resposta imunológica ao interagir com as células epiteliais e modular a secreção de citocinas anti-inflamatórias para diminuir a atividade gástrica da infecção. ⁶
Onde encontrar os probióticos?
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Lembramos que o consumo de probióticos deve acompanhar uma dieta balanceada e um estilo de vida saudável. ⁷
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Referências
6. Lesbros-Pantoflickova, Drahoslava, Ireéne Corthèsy-Theulaz, and André L. Blum. "Helicobacter pylori and Probiotics1." The Journal of nutrition 137.3 (2007): 812S-818S.
7. Cartonagem do Tamarine Probium.