Perda de peso: causas, quando é preocupante e cuidados

A perda de peso pode ser um objetivo planejado e gradual, mas também uma ocorrência repentina e sem motivo aparente. A redução acelerada soa um sinal de alerta, pois o corpo humano tem mecanismos de autorregulação que impedem esse efeito1.

Quando o assunto é peso corporal, os extremos são sempre casos delicados. A saúde é um equilíbrio. Logo, tanto o excesso quanto a falta de peso podem impactar a qualidade de vida, e ambos os casos devem ser avaliados por um profissional 1.

Porém, quando a perda de peso é preocupante? O que possibilita um processo saudável? Quais são os riscos? Continue no artigo e entenda o papel da alimentação e os cuidados com o uso de remédios.

Resumo:

  • As principais causas da perda de peso saudável são: dieta equilibrada combinada com a prática de atividades físicas regulares2.
  • A diminuição do peso de forma inesperada e não intencional é preocupante quando a redução de peso é de 5% ou mais em um período de seis a 12 meses1.
  • Os principais riscos da redução de peso repentina são alterações metabólicas, fadiga, perda de massa magra e efeito sanfona5-6-7.

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Boa leitura!

Quais são as causas da perda de peso saudável?

A perda de peso saudável envolve alimentação equilibrada e exercícios físicos, o que garante os cuidados necessários para evitar riscos à saúde2. Veja como esses dois fatores combinados auxiliam no objetivo.

Dieta equilibrada

O planejamento da alimentação de uma pessoa em processo de perda de peso envolve uma dieta hipocalórica. Ou seja, há uma restrição na ingestão de calorias de 500 a 1000 kcal por dia, em média2.

A configuração do plano alimentar é individual e varia conforme as necessidades de cada um. Uma das abordagens utilizadas é a manipulação de macronutrientes2.

Um exemplo é a dieta com baixo teor de carboidratos, em que a presença do nutriente é menor que 45% do valor energético total (VET)2.

Porém, o grau de restrição deve ser bem indicado para garantir a segurança cardiometabólica e não criar uma monotonia alimentar por restringir muito um grupo de alimentos2.

Exercícios físicos

Um plano alimentar para perda de 7% do peso corporal com 150 minutos de exercício físico moderado ou 75 minutos de atividade vigorosa semanalmente reduz o risco de doenças, como diabetes em pré-diabéticos e o sobrepeso2.

Essa combinação é fundamental para um processo de redução de peso saudável, pois ajuda a manter o déficit calórico negativo. Ou seja, gastar mais calorias do que o consumido no dia. Dessa forma, o corpo utiliza suas reservas energéticas2.

Entre os tipos de atividades, destacam-se corrida, caminhada e treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT). Para alcançar o objetivo, escolher um exercício que se encaixe na rotina garante a adesão e a continuidade na modalidade escolhida2.

Cuidados

Estudos comprovam que uma diminuição de peso de 5 a 10% pode melhorar os níveis de glicemia, gordura, pressão arterial e marcadores inflamatórios2.

A união de hábitos alimentares saudáveis e a prática de exercícios físicos regulares é uma abordagem segura que não só reduz apenas o número na balança, mas também promove uma melhora geral da saúde2.

Os principais cuidados em um processo de emagrecimento saudável são:

  • evitar o jejum prolongado e restrições calóricas severas3;
  • fazer uma restrição calórica leve, pois o corpo perde menos água, eletrólitos, minerais e massa, além de reduzir os riscos de má nutrição3;
  • praticar exercícios que trabalham os grandes grupos musculares para aumentar o gasto energético, manter a massa magra e assegurar a saúde óssea3;
  • não ultrapassar 1 kg de perda de peso por semana3;
  • ajustar a estratégia para manter os resultados alcançados3.

O acompanhamento médico e/ou nutricional é fundamental para dar suporte, fazer ajustes e, assim, alcançar resultados positivos2.

Quando a perda de peso é preocupante?

Segundo a literatura médica, uma redução de peso de 5% ou mais em um período de seis a 12 meses é um sinal de alerta. O quadro é preocupante quando essa queda é involuntária. Ou seja, sem um planejamento intencional para uma redução saudável e gradual1.

A causa da queda no peso corporal pode ter associação com fatores sociais, psiquiátricos, clínicos e etários4. Veja exemplos a seguir:

  • doenças infectoparasitárias: salmonelose septicêmica prolongada, esquistossomose mansoni, gastroenterites e parasitoses intestinais4;
  • doenças endócrino-metabólicas: diabetes mellitus, hipo e hipertireoidismo, doenças mitocondriais e hipercalcemia4;
  • doenças no rim: insuficiência renal crônica, pielonefrite crônica e síndrome nefrótica4;
  • doenças no fígado: hepatite viral aguda, cirrose e insuficiência hepática4;
  • doenças gastrointestinais: esofagite, doença do refluxo gastroesofágico, intolerância à lactose, doença celíaca, diarreia crônica, colite e doença inflamatória intestinal4;
  • doenças psiquiátricas e neurológicas: anorexia nervosa, bulimia, depressão, ansiedade, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica e disfagia4.

Ainda existem medicamentos que podem afetar a digestão, absorção de nutrientes, apetite e o metabolismo. Essas alterações são mais comuns em idosos, principalmente pelo uso de remédios, como anti-histamínicos, digitálicos (para doenças cardíacas) e alopurinol4.

Quais os riscos da perda de peso repentina?

Uma redução de peso repentina tem efeitos fisiológicos significativos, o que compromete a saúde geral. Confira sete impactos que a redução involuntária ou devido a dietas/ações restritivas podem trazer.

Alterações metabólicas

A perda de peso rápida pode reduzir a taxa metabólica basal, a quantidade mínima de energia diária que o corpo precisa para se manter vivo, devido à restrição alimentar. Dessa forma, o organismo usa menos energia, como mecanismo de defesa, o que dificulta ou reduz o ritmo das perdas futuras1-5.

Fadiga

O aumento da sensação de fadiga resulta da desidratação leve causada pela diminuição da ingestão de líquidos ou a prática de treinos intensos. O agravamento desse estado pode provocar a redução do rendimento cardíaco, da pressão arterial e da termorregulação corporal5

Redução de massa magra

A redução na massa magra é outro risco da perda de peso rápida. Para compensar o déficit de energia devido à alimentação deficiente, por exemplo, o corpo usa a massa muscular como fonte de energia. Conforme a perda se intensifica, compromete outras funções, como equilíbrio metabólico e hormonal6.

Efeito sanfona

O efeito sanfona é um risco da perda de peso, principalmente quando o método utilizado envolve práticas não saudáveis e difíceis de sustentar em longo prazo. Por isso, é fundamental seguir um plano equilibrado para reduzir e manter a perda, o que preserva a saúde física e mental7.

Ozempic e perda de peso

O termo Ozempic, nome comercial da semaglutida, popularizou-se e se tornou sinônimo de perda de peso rápido. Porém, é importante destacar que o medicamento é um auxiliar no tratamento de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes8.

Aliado a uma dieta hipocalórica e exercício físico, a utilização da substância ajuda na perda, controle e manutenção do peso corporal8.

Apesar dos benefícios, o uso inadequado (ou mesmo a interrupção) pode gerar um efeito sanfona. Por isso, a prescrição deve ser avaliada criteriosamente por um médico para criar um protocolo de emagrecimento saudável com medidas contínuas e efetivas para controle de peso9.

O que tem em uma dieta para perda de peso?

Uma dieta para perda de peso saudável envolve o cálculo correto da quantidade de calorias diárias para atender as necessidades nutricionais de cada indivíduo, com alimentos bem aceitos e que permitam a socialização3.

Além disso, o processo exige suporte para as mudanças comportamentais para construir hábitos alimentares que auxiliem na manutenção de uma nutrição adequada3.

Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, as recomendações para uma alimentação saudável são:

  • basear a dieta em alimentos in natura ou minimamente processados, como grãos, tubérculos e raízes, legumes e verduras, frutas, leite, ovos, peixes e carnes10;
  • limitar o consumo de alimentos processados, reduzindo-os a pequenas quantidades10;
  • eliminar os alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados e salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo”10;
  • utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar moderadamente10.

O que tomar para auxiliar na perda de peso?

Os fitoterápicos, como chás e comprimidos, podem auxiliar na perda de peso. Porém, apesar de serem substâncias naturais, o uso deve ser orientado por um médico11.

O acompanhamento evita interações com medicamentos prescritos para o tratamento de condições, como obesidade e diabetes11.

Além disso, os fitoterápicos são auxiliares no processo. Ou seja, ajustes na alimentação e prática de exercícios físicos continuam fundamentais11.

Quando utilizar remédio para perda de peso?

O uso de remédio para perder peso é uma alternativa de tratamento, mas exige avaliação e acompanhamento médico para garantir a prescrição correta e controlada para obter o resultado esperado12.

Esse cuidado evita os efeitos colaterais negativos do uso indiscriminado e da automedicação, como confusão mental, ansiedade, alterações de humor, problemas cardíacos, insônia e até comportamento violento12.

Para seguir um tratamento eficaz, busque a orientação de um médico especializado, como um endocrinologista e nutrólogo, para utilizar medicamentos de forma segura no processo de emagrecimento12.

Referências
  1. 1. Emagreci rápido ou sem saber o motivo. E agora? [Internet]. Ministério da Saúde; 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2021/emagreci-rapido-ou-sem-saber-o-motivo-e-agora. Acesso em fevereiro/2025.


  2. 2. De Macedo M, Leite R, Cristóvão S. Universidade Federal de Sergipe. Programa de perda de peso saudável e seu efeito sobre o risco cardiometabólico de adultos [Internet]. 2017. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/4968/1/MARINA_MACEDO_R_LEITE.pdf. Acesso em fevereiro/2025.


  3. 3. Programas adequados e inadequados para redução de peso. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 1997 Dec;3(4):125–30. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/WczRwqbbJSPpNZFnkjj5dWh/. Acesso em fevereiro/2025.


  4. 4. Macedo Antonio VD, Rocha MO da C. Avaliação e tratamento da perda de peso involuntária e significativa. Revista Médica de Minas Gerais (RMMG) [Internet]. 20(1):115–23. Disponível em: https://rmmg.org/artigo/detalhes/390. Acesso em fevereiro/2025.


  5. 5. Efeitos da perda rápida de peso em atletas de combate [Internet]. Revista Brasileira de Ciências do Esporte; 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbce/a/H6CyFjkWRhYkvJBXmVkVB8P/?format=pdf&lang=pt. Acesso em fevereiro/2025.


  6. 6. Impacto da restrição energética para perda de massa corporal com diferentes proporções de carboidratos na dieta de praticantes de brazilian jiu-jitsu. Mestrado em Educação Física. Universidade Federal de Sergipe [Internet]. 2016. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/4965/1/DAYANNE_COSTA.pdf. Acesso em fevereiro/2025.


  7. 7. Efeito sanfona: os riscos à saúde e como evitar o perde e ganha de peso [Internet]. Abeso. 2021. Disponível em: https://abeso.org.br/efeito-sanfona-os-riscos-a-saude-e-como-evitar-o-perde-e-ganha-de-peso/. Acesso em fevereiro/2025.


  8. 8. Wegovy (semaglutida) [Internet]. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/novos-medicamentos-e-indicacoes/wegovy-semaglutida. Acesso em fevereiro/2025.


  9. 9. Estudo indica que, ao parar de tomar Ozempic, os quilos perdidos retornam rapidamente [Internet]. Conselho Federal de Farmácia. 2024. Disponível em: https://site.cff.org.br/noticia/Noticias-gerais/19/06/2024/estudo-indica-que-ao-parar-de-tomar-ozempic-os-quilos-perdidos-retornam-rapidamente. Acesso em fevereiro/2025.


  10. 10. Guia alimentar para a população Brasileira [Internet]. Ministério da Saúde. 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em fevereiro/2025.


  11. 11. Fitoterapia como alternativa terapêutica no combate à obesidade. Rev. Ciência. Saúde Nova Esperança. 2015;13(1):103–14. Disponível em: https://www.ufpb.br/nephf/contents/documentos/artigos/fitoterapia/fitoterapia-como-alternativa-obesidade.pdf. Acesso em fevereiro/2025.


  12. 12. Os riscos do uso de medicações para o emagrecimento. Revista JRG de Estudos Acadêmicos. Ano 5, Vol. V, n.11, jul.dez., 2022. Disponível em: https://revistajrg.com/index.php/jrg/article/download/392/471/762. Acesso em fevereiro/2025.